Propedêutica da Insuficiência mitral (IMi)

Layara Fernanda Vicente Pereira Lipari | Vitor Emer Egypto Rosa

A Insuficiência Mitral é uma das valvopatias mais frequentes atualmente. Em um estudo recente de base de dados do Reino Unido (UK Biobank), foi a doença valvar mais frequente na população geral. Pode ser de etiologia primária, por alteração valvar propriamente dita, ou secundária, relacionada à dilatação ventricular esquerda ou atrial, levando a dilatação do anel e falha de coaptação das cúspides.

A avaliação propedêutica valvar mitral usualmente não conta com alteração à inspeção ou palpação nem alteração de pulsos, sendo sua ausculta bastante característica.

Imagem: Sopro de insuficiência mitral – Fonte: Braunwald et al. Elsevier 11th edition

O sopro de insuficiência mitral é holossistólico em plateau, regurgitativo, melhor audível em foco mitral (5° espaço intercostal esquerdo, linha hemiclavicular).

Na insuficiência mitral secundária, a primeira bulha é hipofonética e o sopro geralmente é holossistólico.

No prolapso mitral (doença primária valvar) o sopro é mesotelessistólico (existe uma lacuna auscultatória no começo da sístole). A irradiação pode variar de acordo com o folheto acometido, de maneira que no prolapso de cúspide anterior a irradiação é dorsal e do prolapso de cúspide posterior o sopro irradia para região anterior do tórax.

No prolapso mitral e na doença reumática, geralmente a primeira bulha é normofonética. Pode ter irradiação para região axilar (denotando insuficiência mitral importante) e, em alguns raros casos, pode haver insuficiência mitral importante silenciosa, ou seja, sem sopro audível, em casos de disfunção do ventrículo esquerdo, obesidade, doença pulmonar obstrutiva crônica.

Podem ser identificados também alguns sinais de gravidade da insuficiência mitral ao exame físico como alteração de ictus (aumento ou desvio, que sugere alteração estrutural de ventrículo esquerdo), P2 hiperfonética ou palpável (sugere hipertensão pulmonar), presença de frêmito e terceira bulha (também sugere alteração estrutural e desadaptação).

Já na insuficiência mitral aguda (rotura de cordoalha por infarto, endocardite), o sopro é protossistólico ou protomesossistólico, pois o ventrículo não teve tempo de dilatar e se adaptar, de maneira que a pressão no átrio esquerdo sobe rapidamente e as pressões se igualam ao final de sístole, de maneira que o sopro reduz e some ao final da sístole.

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