Qual é a melhor estratégia antitrombótica após TAVI?

Jonathan Cayo Urdiales Herrera | Ranna Santos Pessoa |Flávio Tarasoutchi

O implante valvar aórtico transcateter (TAVI) é consolidado como uma opção terapêutica para doenças da valva aórtica, com destaque para estenose aórtica degenerativa. Inicialmente era indicado apenas para pacientes idosos e de alto risco cirúrgico, mas sua indicação vem se tornando cada vez mais ampla após estudos demonstrarem consistentemente a segurança e durabilidade do implante valvar transcateter, inclusive quando comparado à cirurgia em pacientes de diferentes extratos de risco.

Entre as complicações possíveis da TAVI, encontram-se os eventos tromboembólicos como o acidente vascular encefálico. Até muito recentemente, a terapia antitrombótica pós TAVI era baseada na opinião de especialistas e suas experiências conforme o perfil clínico do paciente. No entanto, com a ampliação da indicação deste procedimento, surgiu a necessidade de testar as diferentes terapias e unificar as recomendações baseadas em evidências de estudos clínicos.

Alguns estudos como o POPULAR TAVI, GALILEO e ATLANTIS, foram responsáveis por mostrar que apenas pelo implante transcateter, não há necessidade de anticoagulação ou dupla antiagregação, e que por vezes essas estratégias podem aumentar o risco de sangramento. Sendo assim, hoje, qual a recomendação da melhor estratégia antitrombótica após TAVI?

Em pacientes submetidos a TAVI e com indicação de anticoagulação, utilizar anticoagulante de forma isolada. Nesse cenário tanto a varfarina como os anticoagulantes diretos (DOACs) podem ser utilizados. Nos pacientes submetidos à TAVI e angioplastia coronariana, a recomendação é manter dupla antiagregação plaquetária (DAPT) para proteção do stent pelo tempo necessário, e após manter antiagregação com AAS ou clopidogrel. Avaliar possibilidade de transicionar para monoterapia de forma mais precoce se houver alto risco de sangramento. Em geral, esse tempo é de 1-3 meses se a angioplastia for eletiva e 3-6 meses se for após evento isquêmico agudo. Por fim, em pacientes submetidos à TAVI e sem indicação de anticoagulação ou dupla antiagregação, devemos manter monoterapia com AAS.

Referências:

  • Nijenhuis VJ et al. Anticoagulation with or without clopidogrel after transcatheter aortic-valve implantation. N Engl J Med. 2020.
  • Vahanian A, Beyersdorf F, Praz F, Milojevic M, Baldus S, Bauersachs J, et al. 2021 ESC/EACTS Guidelines for the management of valvular heart disease. European Heart Journal 2021;43:561–632
  • Brouwer J, et al. Aspirin with or without clopidogrel after transcatheter aortic-valve implantation. N Engl J Med 2020;383:14471457
  • Dangas GD, Tijssen JGP, Wöhrle J, Søndergaard L, Gilard M, Möllmann H, et al. A Controlled Trial of Rivaroxaban after Transcatheter Aortic-Valve Replacement. N Engl J Med 2020;382:120–9.
  • Collet J-P, Berti S, Cequier A, Van Belle E, Lefevre T, Leprince P, et al. Oral anti-Xa anticoagulation after trans-aortic valve implantation for aortic stenosis: The randomized ATLANTIS trial. American Heart Journal 2018;200:44–50.

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