O uso da Ressonância na Insuficiência Tricúspide

Já sabemos que a insuficiência tricúspide funcional é responsável pela redução da sobrevida em longo prazo e, muitas vezes, traz consigo uma série de sintomas. No entanto, a abordagem cirúrgica convencional parece não ser superior do que o tratamento clínico otimizado.

Isso pode mudar com o desenvolvimento de dispositivos para abordagem percutânea menos invasiva, e a corrida por esse tratamento fez a comunidade científica melhorar os métodos diagnósticos para o lado direito do coração.

De forma semelhante ao que acompanhamos recentemente na insuficiência mitral com a avaliação de dados como fração regurgitante em quadros de valvopatia desproporcional, o uso da ressonância na insuficiência tricúspide nos trouxe dados interessantes sobre o volume da IT e o impacto a longo prazo.

Indivíduos com IT funcional e que apresentavam volume regurgitante acima de 45mL/bat ou fração regurgitante acima de 50% tinham mais de 2,5 vezes risco de morrer. Esses achados são, inclusive, independentes da fração de ejeção do ventrículo direito.

O interessante de utilizar a fração regurgitante é que a IT funcional, quase sempre evolui com um estado de baixo fluxo e o uso da fração ajusta os volumes para o fluxo sistêmico.

Aqui devemos ressaltar um ponto interessante nessa análise. Esses pacientes foram avaliados para mortalidade geral. Dados como mortalidade cardiovascular ou evolução para intervenção e mesmo admissão hospitalar por IC não foram utilizados, pois na imensa maioria dos casos, pacientes com IT funcional têm acometimento concomitante do lado esquerdo, sendo, portanto, um viés de interpretação dos resultados.

Outro complicador nessa análise foi a exclusão dos pacientes com fibrilação atrial. A adequada análise por ressonância ficou prejudicada não sendo possível trazer as informações desse subgrupo tão importante de pacientes que evoluem com IT funcional. Já sabíamos que a FA por si só era preditora de eventos e não conseguimos ainda trazer essa variável para a análise de volumes que foi realizada.

O que fica dessa avaliação são alguns dados limitados. Primeiro que ainda não entendemos como o estado hemodinâmico atual pode alterar os resultados dos exames de imagem, principalmente do lado direito do coração. Segundo que um grupo importante de pacientes foi excluído.

Assim, parece que buscar a correlação da fração regurgitante é interessante, mas diferente do lado esquerdo, o lado direito ainda não consegue trazer esses dados de forma tão concreta.

Referência

1 – Zhan Y, Debs D, Khan MA, et al. Natural History of Functional Tricuspid Regurgitation Quantified by Cardiovascular Magnetic Resonance. J Am Coll Cardiol. 2020 Sep 15;76(11):1291-1301.

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