Quando abordar aorta ascendente na cirurgia de troca valvar aórtica
Layara Fernanda Vicente Pereira Lipari | Vitor Emer Egypto Rosa
Os aneurismas arteriais são definidos pelo aumento no diâmetro do vaso em pelo menos 50% do esperado. As etiologias podem ser doenças hereditárias sindrômicas (síndrome de Marfan, Loeys-Dietz, Ehlers-Danlos forma vascular), hereditárias não-sindrômicas (aneurisma familiar de aorta torácica), doenças congênitas (valva aórtica bicúspide, síndrome de Turner, coarctação de aorta) ou outras causas infecciosas, inflamatórias ou adquiridas associadas a hipertensão, aterosclerose e/ou doença degenerativa.
Nos pacientes com aneurisma de aorta ascendente, o risco de rotura ou dissecção é proporcional ao diâmetro do aneurisma, portanto, deve-se avaliar a indicação de abordagem cirúrgica da aorta preventiva, combinada ou não com a troca valvar.
No caso de um aneurisma de aorta ascendente sem valvopatia associada, indica-se a abordagem cirúrgica convencional da aorta para diâmetros ≥ 55 mm ou com crescimento ≥ 3 mm ao ano por 2 anos consecutivos ou ≥ 5 mm em um ano. Alguns pacientes se enquadram em risco ainda maior de síndromes aórticas agudas e apresentam indicação cirúrgica mais individualizada. É o caso dos pacientes com síndrome de Marfan, cuja indicação cirúrgica é determinada em diâmetros ≥ 50mm, ou ≥ 45mm para pacientes com mutação nos genes TGFBR1 ou TGFBR2 (incluindo síndrome de Loeys-Dietz).
Alguns outros fatores de risco como história familiar de dissecção de aorta, história pessoal de dissecção vascular, insuficiência mitral ou aórtica importante, desejo reprodutivo, hipertensão arterial de difícil controle e/ou aumento do diâmetro aórtico >3 mm/ano também aumentam o risco de eventos aórticos agudos, de maneira que a presença de um dos fatores acima reduz para ≥ 45mm de diâmetro a indicação de abordagem de aorta nos pacientes com síndrome de Marfan e para ≥ 50mm nos pacientes com valva aórtica bicúspide.
No caso da cirurgia de oportunidade, ou seja, para pacientes que já apresentam valvopatia aórtica com indicação de intervenção (insuficiência e/ou estenose aórtica com sintomas e/ou complicadores), a indicação de abordagem combinada (cirurgia de aorta + troca valvar) também é antecipada: diâmetros ≥ 45mm na diretriz europeia de valvopatias e ≥ 50mm na diretriz americana de aortopatias (2022). Nesta última, pacientes com aorta ≥ 45 mm em centro de excelência com cirurgião especialista e time multidisciplinar dedicado – “Multidisciplinary Aortic Team” – podem ser submetidos à intervenção.
Nos pacientes com ectasia de aorta sem indicação de intervenção, recomenda-se manter seguimento periódico com exames de imagem para avaliar a progressão da dilatação.
Referências:
- Johnston KW, Rutherford RB, Tilson MD, et al. Suggested standards for reporting on arterial aneurysms. Subcommittee on Reporting Standards for Arterial Aneurysms, Ad Hoc Committee on Reporting Standards, Society for Vascular Surgery and North American Chapter, International Society for Cardiovascular Surgery. J Vasc Surg. 1991;13:452–458
- Vahanian A, Beyersdorf F, Praz F, Milojevic M, Baldus S, Bauersachs J, Capodanno D, Conradi L, De Bonis M, De Paulis R, Delgado V, Freemantle N, Gilard M, Haugaa KH, Jeppsson A, Jüni P, Pierard L, Prendergast BD, Sádaba JR, Tribouilloy C, Wojakowski W; ESC/EACTS Scientific Document Group. 2021 ESC/EACTS Guidelines for the management of valvular heart disease. Eur Heart J. 2022 Feb 12;43(7):561-632. doi: 10.1093/eurheartj/ehab395. Erratum in: Eur Heart J. 2022 Feb 18;: PMID: 34453165.
- Isselbacher EM, Preventza O, Hamilton Black J, 3rd, et al. 2022 ACC/AHA Guideline for the Diagnosis and Management of Aortic Disease: A Report of the American Heart Association/American College of Cardiology Joint Committee on Clinical Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol. 2022. doi:10.1016/j.jacc.2022.08.004.
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