Arquivo para Tag: estenose aórtica

Aula 08 – Estenose Aórtica: tomografia computadorizada

No novo episódio do Podcast Triple I, Dr. Bruno Maeda explica o uso da tomografia computadorizada em pacientes com Estenose Aórtica, desde sua aplicabilidade no diagnóstico da valvopatia até sua utilização na programação da TAVI.

O conteúdo faz parte da nossa série “Fundamentos em Doenças Valvares – tudo o que você precisa saber sobre Estenose Aórtica”, que já está com todas as aulas disponíveis aqui no site.

Os desafios do tratamento percutâneo das lesões em bifurcações coronárias

Você sabia que o tratamento percutâneo das bifurcações coronárias está entre os maiores desafios técnicos da cardiologia intervencionista, influenciando diretamente os resultados clínicos dos pacientes? E sabe quais são as técnicas mais modernas e eficazes para tratar essas lesões complexas?

No novo episódio do Podcast Triple I, os Drs. Carlos Campos, Thiago Abizaid e Roger Godinho discutem as principais abordagens no tratamento percutâneo das bifurcações coronárias, exploram as técnicas mais utilizadas e suas implicações no prognóstico.

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Aula 07 – Estenose Aórtica: quando indicar revascularização ou outra troca valvar concomitante

No novo episódio do Podcast do Triple I, a Dra. Pâmela Cavalcante explica quando indicar a revascularização ou a troca valvar concomitante de acordo com a doença de base, idade, risco cirúrgico e características individuais de cada paciente.

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A via de acesso radial é a forma mais simples de diminuir o risco de sangramento na intervenção coronária percutânea?

Os Drs. Carlos Campos e Roger Godinho batem um papo sobre via de acesso radial na intervenção coronária percutânea no novo episódio do Podcast Triple I.

Estenose Aórtica Baixo-Fluxo e Baixo-Gradiente Paradoxal

Dr. Renato Nemoto

A estenose aórtica baixo-fluxo, baixo-gradiente paradoxal: critérios diagnósticos e função ventricular preservada.

 

A estenose aórtica (EAo) baixo-fluxo, baixo-gradiente (BFBG) paradoxal (ou seja, com fração de ejeção de ventrículo esquerdo preservada) é uma das possibilidades nos casos de EAo com área valvar ≤1cm² e gradiente transaórtico médio < 40mmHg. Sua prevalência varia de 5 a 25% dentre os casos de EAo importante, dependendo da população estudada e técnica utilizada para o diagnóstico (ecocardiograma, cateterismo, tomografia).

Para o diagnóstico, devemos inicialmente identificar os seguintes pontos:

  1. Área valvar aórtica ≤ 1cm² (ou ≤ 0,6cm² indexada para superfície corpórea) com gradiente médio transaórtico < 40mmHg
  2. Volume sistólico indexado < 35ml/m², configurando o baixo fluxo 
  3. Fração de ejeção do ventrículo esquerdo acima de 50%
  4.  Pressão arterial sistólica <140mmHg

 

Diferente dos casos de BFBG clássico (com fração de ejeção reduzida) aqui temos a função ventricular preservada. Assim, o que justifica o baixo fluxo e, consequentemente, o baixo gradiente?

Nesses casos, o remodelamento ou hipertrofia concêntrica ocasionam uma cavidade do ventrículo esquerdo pequena, com disfunção diastólica, e prejudica a ejeção sistólica (volume ejetado reduzido), mesmo com função preservada. Outras situações que podem contribuir para a redução do volume ejetado são a alta pós-carga (hipertensão descompensada), fibrilação atrial, insuficiência mitral importante, estenose mitral, insuficiência tricúspide e disfunção de ventrículo direito. Estudos identificaram uma prevalência de até 15% desses pacientes com amiloidose transtirretina (ATTR), contribuindo para o caráter restritivo do ventrículo esquerdo. Esses pacientes possuem as mesmas indicações de tratamento, mas possuem prognóstico pior.

 

Identificada a suspeita, como confirmar uma EAo importante? 

O exame mais indicado é a tomografia cardíaca com mensuração do escore de cálcio valvar. Valores acima de 1300UA para mulheres e 2000UA para homens indicam EAo importante. Em estudo de Clavel et al. que avaliou 646 pacientes, um escore de cálcio de 1274UA em mulheres apresentou sensibilidade de 86% e especificidade de 89% para o diagnóstico de EAo importante; enquanto um valor de 2065UA em homens apresentou 92% e 81% de sensibilidade e especificidade, respectivamente.

Outra ferramenta possível de utilização é a densidade do cálcio valvar, resultado da relação entre o escore de cálcio valvar aórtico e a área do anel valvar. No mesmo estudo, valores ≥292UA/cm² para mulheres e acima de 476UA/cm² em homens apresentaram sensibilidade e especificidade de 92 e 81% e 90 e 80%, respectivamente. 

Após essas etapas, podemos definir a gravidade anatômica da EAo, possibilitando a avaliação de necessidade de abordagem da valvopatia. 

 

Referências:

  • Tarasoutchi F, Montera MW, Ramos AIO, Sampaio RO, Rosa VEE, Accorsi TAD et al. Update of the Brazilian Guidelines for Valvular Heart Disease – 2020. Arq Bras Cardiol. 2020 Oct;115(4):720-775. English, Portuguese. doi: 10.36660/abc.20201047. PMID: 33111877; PMCID: PMC8386977.
  • Clavel MA, Messika-Zeitoun D, Pibarot P, Aggarwal SR, Malouf J, Araoz PA, Michelena HI, Cueff C, Larose E, Capoulade R, Vahanian A, Enriquez-Sarano M. The complex nature of discordant severe calcified aortic valve disease grading: new insights from combined Doppler echocardiographic and computed tomographic study. J Am Coll Cardiol. 2013 Dec 17;62(24):2329-38. doi: 10.1016/j.jacc.2013.08.1621. Epub 2013 Sep 24. PMID: 24076528.

Estenose Aórtica: baixo-fluxo, baixo-gradiente paradoxal

Assista ao vídeo

Nessa última aula de Fundamentos em Doenças Valvares – tudo o que você precisa saber sobre Estenose Aórtica, o Dr. Renato Nemoto explica como identificar e conduzir a Estenose Aórtica de baixo-fluxo, baixo-gradiente paradoxal.

 

 

Aula 06 – estenose aórtica: quais os tratamentos disponíveis?

A Dra. Daniella Nazzetta explica as possibilidades de tratamento para a condição e as recomendações de cada uma no novo episódio do Podcast Triple I. O conteúdo faz parte da nossa série “Fundamentos em Doenças Valvares – tudo o que você precisa saber sobre Estenose Aórtica”.

Fechamento Percutâneo do Apêndice Atrial Esquerdo: uma alternativa à anticoagulação na prevenção do AVC

No novo episódio do Podcast Triple I, os Drs. Bruno F Faillace, Pedro Melo e Roger Godinho discutem uma alternativa à anticoagulação na prevenção do AVC: o fechamento percutâneo do apêndice atrial esquerdo. Este é um assunto de grande destaque e que está ganhando muito espaço na cardiologia intervencionista.

Aula 5 – Estenose Aórtica: como fazer o diagnóstico ecocardiográfico

Como fazer o diagnóstico de Estenose Aórtica por meio do exame ecocardiográfico? A Dra. Lynnie Arouca explica o assunto no novo episódio do Podcast Triple I.

Short DAPT com clopidogrel após ICP?

Dra. Luhanda Monti

 

Após a realização de uma intervenção coronariana percutânea (ICP) com stent farmacológico (SF), a dupla terapia antiplaquetária (DAPT) se torna imperativa para prevenir trombose de stent e eventos cardiovasculares. No entanto, até 40% dos pacientes possuem alto risco de sangramento. Na última década o tempo DAPT após uma ICP com SF tem sido extensivamente discutido em função das novas plataformas de stent, que possuem menor risco trombótico, bem como a ascensão de inibidores P2Y12 mais potentes. A esse respeito, diversos estudos testaram diferentes esquemas de abreviação da DAPT, geralmente entre 1 e 3 meses, utilizando inibidores P2Y12 mais potentes, como o ticagrelor e prasugrel, tanto em pacientes crônicos, quanto agudos, que foram submetidos a ICP com SF,  trazendo  resultados satisfatórios, a depender do risco de sangramento vs. trombótico. Todavia, restava saber como seriam os resultados com o clopidogrel, haja vista seu amplo uso na prática clínica. Foi neste cenário que se iniciou a saga de trails STOPDAP-2. No presente artigo, trago uma análise crítica do primeiro ano de seguimento. 

STOPDAPT-2 2019 JAMA – Seguimento de 01 ano

Trata-se de um ensaio clínico randomizado (ECR) de não inferioridade, que se prestou a avaliar a não-inferioridade da DAPT com aspirina (AAS) e clopidogrel por 1 mês, seguida de monoterapia com clopidogrel Vs. DAPT por 12 meses, com relação aos desfechos cardiovasculares e de sangramento, em pacientes submetidos à ICP. 

Desenho: 

ECR, multicêntrico em 90 hospitais no Japão, de não-inferioridade, placebo controlado, cujas análises foram conduzidas com o princípio de intention to treat. N=3045 pacientes / Seguimento médio: de 12 meses

Os pacientes submetidos a ICP foram randomizados para

 1 mês de DAPT   🡪  CLOPIDOGREL por 12 meses (1.523) 

12 meses de DAPT  🡪  AAS+ CLOPIDOGREL por 12 meses (n = 1.522)

Critérios de inclusão:

  • Pacientes com doença arterial coronária (DAC) crônica ou síndrome coronária aguda (SCA) submetidos a ICP com SF cromo-cobalto eluído em everolimus.

Critério de exclusão:

  • Necessidade de anticoagulação oral
  • Uso de outro antiagregante plaquetário que não fosse AAS ou inibidor P2Y12
  • Intolerância ao clopidogrel 
  • História de hemorragia intracraniana

Baseline: 

    • Idade média: 68 anos
    • Mulheres: 21%
    • Diabetes: 39%
    • Doença arterial coronariana estável: 62%
    • SCA: 37,7%

Desfecho composto primário: Morte cardiovascular (CV), infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC)- isquêmico ou hemorrágico, trombose de stent e sangramento maior ou menor por TIMI. 

Desfecho composto secundário: Componentes individuais do desfecho composto primário.

Resultados: 

O desfecho primário de morte, IAM, trombose de stent, AVC, sangramento TIMI maior/menor em 1 ano, ocorreu em 2,4% do grupo de DAPT por 01 mês em Vs.  3,7% no grupo de DAPT por 12 meses p. não-inferioridade<0,001 (p. para superioridade = 0,04). 

Resultados secundários:

    • Morte, IAM, trombose de stent ou AVC em 1 ano: 2,0% do grupo DAPT de 1 mês em comparação com 2,5% do grupo TAPD de 12 meses (p para não inferioridade = 0,005)
    • Sangramento maior/menor por TIMI em 1 ano: 0,4% do grupo DAPT de 1 mês em comparação com 1,5% do grupo DAPT de 12 meses (p para superioridade = 0,004);
    • Apenas sangramento maior: DAPT 1 mês: 0,2 vs. DAPT 12 meses: 1,07 (p. de superioridade de 0,01)
    • Bleeding Academic Research Consortium (BARC) 3 ou 5 – sangramento em 1 ano: 0,5% do grupo DAPT de 1 mês comparado com 1,8% do grupo TAPD de 12 meses (p para superioridade = 0,003). 
    • Trombose de stent definitiva ou provável: 0,3% do grupo DAPT 1 mês Vs.  0,07% do grupo DAPT por 12 meses (p para superioridade = 0,21)

Conclusão: Em pacientes submetidos à ICP com SF eluído em everolimus, a DAPT (AAS+ Clopidogrel) por 01 mês seguida de monoterapia com clopidogrel por 01 ano, foi não inferior à DAPT por 12 meses para eventos cardiovasculares isquêmicos e superior quanto a redução de sangramento. 

Comentários sobre a aplicação prática

A DAPT por 01 mês seguida de monoterapia com clopidogrel proporcionou um benefício líquido para os eventos cardiovasculares e hemorrágicos, impulsionado por uma redução significativa de eventos hemorrágicos sem aumento de eventos isquêmicos, quando comparada ao esquema de DAPT 12 meses.  

Nesse momento, você pensa: Então posso fazer short dapt por um mês e seguir com clopidogrel apenas?  Bom pessoal, ao aplicarmos este ou qualquer resultado de ECR à nossa prática, uma análise pormenorizada se faz necessária. Estudos de não-inferioridade devem ser interpretados com cautela, pois possuem nuances que os diferem dos estudos de superioridade.

🡪 O primeiro ponto é identificar a margem de não-inferioridade, que traduz o quanto se “aceita” que a nova terapia seja inferior a padrão, pois o fato de x droga ser não-inferior, não é o mesmo que dizer que são equivalentes. O STOPDAPT-2 teve 2,3% de margem de não-inferioridade, correspondendo a 50% da taxa estimada de eventos, estando, portanto, adequado.

🡪 Segundo ponto: Se atente ao tipo de análise. Diferentemente dos estudos de superioridade, em ECR de não-inferioridade, a análise intention-to-treat pode favorecer o grupo intervenção a depender do percentual de cross-over, fazendo com que pareça não haver diferença entre o tratamento padrão e o novo a ser testado, ou seja, fazendo o estudo ser positivo, sem que isso seja verdadeiro, portanto, em estudos de não-inferioridade, a análise per-protocol é mais adequada. Neste STOPDAP-2 embora a análise tenha sido por intention-to-treat, os autores também analisaram per protocol.  A análise de não- inferioridade per protocol foi condizente com a análise intention-to-treat para o desfecho primário estando, portanto, adequada.

🡪 Finalmente, com relação ao baseline, notem que foram incluídos tanto pacientes com SCA, quanto com DAC crônica, sendo esta última, a maioria. Sabemos que estas são doenças fisiopatologicamente distintas e que a SCA traz consigo maior risco trombótico. Houve um aumento numérico de trombose de stent e IAM no grupo DAPT 01 mês. Posteriormente, o estudo STOP DAPT-2 ACS realizado apenas com pacientes agudos, testou DAPT 1-2 meses com AAS + clopidogrel vs. clopidogrel, mostrou redução de sangramento com Short DAPT, contudo, não atendeu aos critérios de não-inferioridade para os desfechos isquêmicos, além de mostrar uma tendência no aumento de IAM e trombose de stent. Além disso, a mediana do SYNTAX Score foi de 9, o que traduz uma população de baixa complexidade anatômica e talvez de menor risco trombótico. De fato, trata-se de uma população de risco trombótico e hemorrágico baixo ou intermédio, com base na pontuação de risco CREDO-Kyoto (92% e 93%, respetivamente) e de PARIS (86% e 80%, respetivamente).

     Em suma, a mensagem final é de que a ICP com SF de nova geração, no contexto da DAC crônica, a DAPT por 1 mês seguida com clopidogrel, ao invés de 6 meses como mandam as diretrizes, pode ser uma opção plausível em pacientes de maior risco de sangramento, desde que o risco trombótico seja baixo. Já no cenário da SCA, como o risco isquêmico permanece elevado até 1 ano após o evento, sendo inclusive bem maior nos primeiros meses, até o momento, seguimos as recomendações de diretrizes, que orientam, manter DAPT por 12 meses como regra geral. A abreviação da DAPT neste cenário, deve ser individualizada em casos de alto risco de sangramento, pautada no tipo de stent e fármaco eluidor, bem como no tipo de IP2Y12 empregado. 

Referências: 

Watanabe H, Domei T, Morimoto T, et al. Effect of 1-Month Dual Antiplatelet Therapy Followed by Clopidogrel vs 12-Month Dual Antiplatelet Therapy on Cardiovascular and Bleeding Events in Patients Receiving PCI: The STOPDAPT-2 Randomized Clinical Trial. JAMA 2019;321:2414-27.

Watanabe H, Morimoto T, Natsuaki M,et al. STOPDAPT-2 ACS Investigators. Comparison of Clopidogrel Monotherapy After 1 to 2 Months of Dual Antiplatelet Therapy With 12 Months of Dual Antiplatelet Therapy in Patients With Acute Coronary Syndrome: The STOPDAPT-2 ACS Randomized Clinical Trial. JAMA Cardiol. 2022 Apr 1;7(4):407-417.