Como podemos fazer um reparo tricúspide transcateter?

Tiago Bignoto

Embora o TriClip seja o dispositivo mais utilizado para esse fim, vemos na literatura outros dispositivos com outros mecanismos de ação que estão disponíveis no mercado e demandam avaliação do impacto clínico sobre esse grupo de pacientes.

Como a maior parte dos casos de insuficiência tricúspide é funcional, ou seja, por alargamento e tração do aparato valvar tricuspídeo, um dispositivo que tivesse ação no anel valvar poderia ser interessante em casos com essa alteração anatômica mais pronunciada.

Em uma análise imediata, o uso do cardioband na insuficiência tricúspide foi seguro e eficaz, com redução de até 50% do ERO nos pacientes com etiologia funcional. Dados do uso do Mitralign mostram uma redução próxima dos 20%.

Como ainda é um dispositivo não dedicado a correções do lado direito do coração, entende-se que ainda há espaço para expandir a qualidade técnica e melhorar o implante com o uso de ecocardiografia e fluroscopia. Assim, poderíamos pensar em um contexto com ainda menos invasividade e sucesso do dispositivo de 100%.

Vale ressaltar que esses achados ainda são em grupos selecionados de pacientes, tendo sido excluídos aqueles com eletrodos do lado direito ou com anatomia muito distorcida. Assim, fica difícil expandir esses achados para o mundo real, mas a evidência de resultados mantidos após os 6 meses de acompanhamento nos traz a impressão de que o raciocínio mecanístico faz sentido.

E o interessante dessa série de dispositivos é que nada impede que sejam usados em conjunto. Claro que existe uma limitação financeira de se associar dispositivos, mas com o tempo, espera-se que o preço se reduza e esse tratamento fique disponível para mais indivíduos.

Os resultados a longo prazo e os reais impactos clínicos como remodelamento do ventrículo direito, número de admissões hospitalares e qualidade de vida ainda não foram adequadamente explorados pelas publicações sobre o tema e serão o fator decisivo na disponibilidade desse arsenal terapêutico.

Como ressaltamos diversas vezes, entender o comportamento fisiopatológico das doenças valvares e o mecanismo dos dispositivos disponíveis faz surgir diversas possibilidades terapêuticas e quem ganha, sem dúvidas, é o paciente.

Referências:

1 – Nickenig G, Weber M, Schueler R, et al. 6-Month Outcomes of Tricuspid Valve Reconstruction for Patients With Severe Tricuspid Regurgitation. J Am Coll Cardiol. 2019 Apr 23;73(15):1905-1915.

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