Estenose Aórtica importante e cirurgia não cardíaca. O que fazer?

Dr. Renato Nemoto

O período pré-operatório é considerado uma oportunidade de avaliação detalhada dos pacientes, não sendo incomum a descoberta de comorbidades, incluindo valvopatias. Estudos mostram que pacientes com estenose aórtica (EAo) importante apresentam alto risco de complicações cardíacas durante cirurgias não-cardíacas.      

Há 3 opções para abordagem valvar aórtica: cirurgia convencional, TAVI e valvoplastia aórtica por cateter-balão. Para responder se é seguro proceder à cirurgia não cardíaca sem realizar algum deles, devemos avaliar dois pontos: se há sintomas decorrentes da valvopatia e qual o perfil da cirurgia.

Em pacientes sintomáticos que serão submetidos a cirurgias eletivas, a Diretriz de perioperatório da SBC de 2017  orienta primeiro a abordagem valvar, para em seguida ser realizada a cirurgia não-cardíaca. Caso a cirurgia seja de urgência/emergência, deve-se proceder ao procedimento, sendo realizada a máxima compensação possível antes da cirurgia com diureticoterapia, além de cuidados pós-operatórios em UTI. Já se a cirurgia for tempo-sensível, uma opção é a realização de TAVI, uma vez que o tempo de recuperação é menor, ou valvoplastia aórtica por balão, caso seja possível, como ponte até a correção definitiva.

Nos pacientes assintomáticos, caso a cirurgia a ser realizada seja eletiva de risco intermediário a alto, recomenda-se a correção da valvopatia previamente. A diretriz de perioperatório da ESC de 2022 orienta proceder à cirurgia não cardíaca caso o risco seja baixo ou intermediário, não haja disfunção ventricular e a cirurgia não demande grande quantidade de volume infundido. Nos casos de cirurgia de urgência/emergência, seguem-se as mesmas recomendações dos pacientes sintomáticos.

Ou seja, na maioria dos casos a preferência é pela abordagem da estenose aórtica importante antes de uma cirurgia não cardíaca, mas existem as exceções, tendo que cada caso ser avaliado individualmente para se obter o melhor equilíbrio entre redução de risco cardiovascular e tratamento da doença não cardíaca.  

Referências

  • Gualandro DM, Yu PC, Caramelli B, Marques AC, Calderaro D, Luciana S. Fornari LS et al. 3ª Diretriz de Avaliação Cardiovascular Perioperatória da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol 2017; 109(3Supl.1):1-104
  • Sigrun Halvorsen and others, 2022 ESC Guidelines on cardiovascular assessment and management of patients undergoing non-cardiac surgery: Developed by the task force for cardiovascular assessment and management of patients undergoing non-cardiac surgery of the European Society of Cardiology (ESC) Endorsed by the European Society of Anaesthesiology and Intensive Care (ESAIC), European Heart Journal, Volume 43, Issue 39, 14 October 2022, Pages 3826–3924, https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehac270

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