O que mudou para as volvopatias na diretriz de aortopatias

Renato Nemoto

A Diretriz de 2022 para diagnóstico e manejo de doenças aórticas da AHA atualizou diversos conceitos em relação à diretriz anterior. Dentre elas, há alterações que influenciam nas condutas de pacientes com valvopatia aórtica bivalvularizada associada a aneurismas de aorta ascendente.

A definição de aneurisma na aorta abdominal é a dilatação do vaso 1,5 vezes seu tamanho normal. Contudo, quando falamos da aorta ascendente, essa definição perde valor, estabelecendo-se então valores mais “fixos”. Por que nos preocupamos com os aneurismas de aorta? Na ascendente, quando o diâmetro do vaso é ≥ 4cm, o risco de dissecção é 89 vezes maior do que o normal, e quando ≥ 4,5cm, o risco aumenta 6000 vezes!

A indicação de abordagem quando o aneurisma gera sintomas, independe do tamanho.

E nos assintomáticos?

Quando assintomáticos, tanto a etiologia quanto o tamanho devem ser levados em consideração:

Quando ≥ 5,5cm, devem receber procedimento para correção. Uma das novidades é que em centros com experiência, esse valor pode ser reduzido para 5cm (2A nível B de evidência).

Se valva aórtica bivalvularizada com indicação de troca valvar, aorta acima de 4,5cm precisa ser abordada (classe 2a nível B de evidência). Se não houver indicação de abordagem valvar, o tamanho passa para 5,5cm (1B), ou 5cm caso fatores de risco aumentados para dissecção (história familiar de dissecção, coarctação de aorta associada ou crescimento acima de 0,3cm ao ano – 2aB).

Outra recomendação nesse perfil de paciente inclui a avaliação da relação entre o tamanho do aneurisma (cm²) e a altura do paciente (m). Caso esse valor chegue a pelo menos 10cm²/m, chegamos a outra indicação de abordagem (2aB).

O documento ainda gera uma recomendação sobre rastreio em parentes de 1º grau quando eles apresentam a valva bivalvularizada e algum grau de dilatação (1C).

Outras indicações não relacionadas a valvopatais incluem, de maneira geral:

– Pacientes com síndrome de Marfan assintomáticos: ≥5cm ou ≥4,5cm se fatores de risco.

– Síndrome de Loeys-Dietz, em geral acima de 4,5cm, mas a indicação mais precisa varia de acordo com a variação genética que resulta na síndrome.

– Síndrome de Turner avalia a relação da aorta (cm) e superfície corpórea (m²) acima de 2,5cm/m².

Existem outros parâmetros para indicar abordagem?

Sim! Se o crescimento do aneurisma superar 0,5cm em 1 ano, ou 0,3cm por dois anos consecutivos em anos consecutivos (em aneurismas esporádicos) ou 0,3cm em um ano quando valva aórtica bivalvularizada, a correção também deve ser indicada.

Referências:

Isselbacher EM, Preventza O, Hamilton Black J 3rd, Augoustides JG, Beck AW, Bolen MA, Braverman AC, Bray BE, Brown-Zimmerman MM, Chen EP, Collins TJ, DeAnda A Jr, Fanola CL, Girardi LN, Hicks CW, Hui DS, Schuyler Jones W, Kalahasti V, Kim KM, Milewicz DM, Oderich GS, Ogbechie L, Promes SB, Gyang Ross E, Schermerhorn ML, Singleton Times S, Tseng EE, Wang GJ, Woo YJ. 2022 ACC/AHA Guideline for the Diagnosis and Management of Aortic Disease: A Report of the American Heart Association/American College of Cardiology Joint Committee on Clinical Practice Guidelines. Circulation. 2022 Dec 13;146(24):e334-e482. doi: 10.1161/CIR.0000000000001106

Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 44 | +55 (11) 2661.5310 | contato@triplei.com.br