Valvoplastia pré-implante de TAVI tem riscos?
O uso de uma valvotomia aórtica com balão momentos antes do implante de uma prótese TAVR pode ser realizada para facilitar a liberação do dispositivo, reduzindo assim a contra-força radial para a expansão ideal e auxiliando também na obtenção do tamanho adequado do anel e consequentemente da prótese a ser implantada.
No entanto, a manipulação prévia não é isenta de riscos como ruptura, insuficiência aórtica aguda com instabilidade hemodinâmica e desprendimento de debris de cálcio levando a embolização de SNC e periferia.
Diversos estudos retrospectivos mostram ser segura a liberação direta da prótese sem esse balonamento prévio, com mais evidência em próteses balão-expansíveis. Mas esse ainda é um assunto muito controverso na literatura.
Em análise prospectiva, a comparação das duas técnicas trouxe dados interessantes que merecem ser destacados. O tempo de procedimento ou o uso de contraste, bem como a segurança para desfechos no intra-operatório não diferiram nos dois grupos. A aplicabilidade da liberação direta com a prótese balão expansível da Edwards foi equivalente avaliando os desfechos como necessidade de marcapasso e/ou Leak, com sucesso de implante.
O contraponto ficou para os pacientes com anatomia desafiadora, devido a excesso de calcificação ou assimetrias importantes como nos portadores de valva aórtica bivalvular. Nesses casos, o implante direto não foi possível, sendo obrigatória a pré-dilatação.
Outra informação que apoia a ideia de liberação direta é que a necessidade de pós-dilatação não foi diferente nos grupos, demonstrando que a técnica de implante direto parece ser adequada.
As próteses da atual geração parecem não sofrer impacto negativo da contra-força radial, se saindo muito bem na expansão, principalmente as do tipo balão-expansível. Assim, com a adequada análise por imagem multimodalidade antes da intervenção, a indicação do uso do balão prévio tem papel reduzido, visto a análise anatômica já informar o tamanho adequado da prótese.
Dessa forma, atualmente o uso da dilatação prévia com balão é considerada apenas em casos selecionados pelo intervencionista que se depara com casos de anatomia extremamente desafiadores. A prática atual mostra que arriscar em casos mais simples parece dispensável, demonstrado pelos excelentes resultados encontrados com a liberação direta da prótese. Claro, esses achados se reproduzem em mãos experientes!
Referências:
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1 – Leclercq F, Robert P, Akodad M, et al. Prior Balloon Valvuloplasty Versus Direct Transcatheter Aortic Valve Replacement: Results From the DIRECTAVI Trial. JACC Cardiovasc Interv. 2020;13(5):594-602.
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